Agenciamento

Você já ouviu falar em agenciamento? A primeira vez que encontrei essa palavra, confesso que achei que fosse apenas algo ligado à intermediação de negócios, como uma agência de modelos ou turismo. Mas, com o tempo, percebi que o termo vai muito além disso. Agenciamento pode ser entendido em diferentes contextos — do uso cotidiano até as reflexões filosóficas mais complexas.

Neste conteúdo, quero te explicar de forma acessível o que é agenciamento, como ele é usado em diversas áreas, e por que esse conceito tem ganhado tanto espaço, especialmente quando pensamos em relações humanas, comunicação, política e até arte.

Agenciamento é, basicamente, o ato ou efeito de agenciar. Ou seja, é intermediar, organizar ou coordenar uma ação envolvendo diferentes elementos ou sujeitos com interesses comuns. No cotidiano, falamos de agenciamento ao nos referirmos à atuação de uma empresa que representa artistas, atletas ou produtos. Mas na filosofia, o termo ganha um sentido bem mais amplo, profundo e até transformador.

O que significa agenciamento no cotidiano?

No uso comum da língua portuguesa, agenciamento está ligado à ação de negociar, intermediar ou coordenar pessoas, ideias ou negócios. Um agente de turismo, por exemplo, faz o agenciamento de pacotes de viagem. Já uma agência de publicidade atua no agenciamento de campanhas e clientes.

Nesse sentido, o termo envolve organização, estratégia e execução de tarefas ou interesses entre partes diferentes. Ele sempre pressupõe uma relação — algo ou alguém que está entre dois polos: quem oferece e quem recebe.

Agenciamento como conceito filosófico

A filosofia trouxe um novo olhar para a ideia de agenciamento, especialmente por meio dos pensadores Gilles Deleuze e Félix Guattari, no livro Kafka: por uma literatura menor. Nessa perspectiva, agenciamento (ou agencement, em francês) não é simplesmente intermediação, mas sim uma forma de composição entre elementos que cria algo novo, mutável e dinâmico.

Para eles, um agenciamento ocorre quando diferentes elementos (humanos, objetos, instituições, discursos, afetos) se conectam de forma produtiva, criando novos sentidos e modos de existir. O foco está na multiplicidade, na fluidez e nas transformações que essa conexão pode gerar. Ou seja, o agenciamento não é fixo, mas sim algo que está sempre em movimento, se rearranjando.

Exemplos de agenciamento filosófico

  • Um protesto pode ser visto como um agenciamento de corpos, ideias, palavras de ordem e sentimentos coletivos que se juntam para gerar uma ação política. 
  • Um filme é um agenciamento de imagens, sons, roteiro, atores, direção, produção — tudo se conectando para dar forma à obra. 
  • Uma rede social digital é um agenciamento entre tecnologia, linguagem, comportamento e algoritmos, que molda o modo como nos comunicamos. 

Agenciamento em políticas públicas

O termo também tem sido muito utilizado em análises de políticas públicas. Nesse campo, agenciamento envolve a relação entre atores sociais, instituições, normas e discursos, que juntos constroem e operacionalizam políticas.

É o caso, por exemplo, de programas educacionais que envolvem o governo, as escolas, professores, alunos e a comunidade. O sucesso ou fracasso de uma política depende justamente de como esses diferentes atores se organizam e interagem — ou seja, como se agenciam.

Agenciamento e linguagem

Outro campo que discute o conceito é o da linguagem e da comunicação. A linguagem, por si só, é vista como um agenciamento. Quando falamos, escrevemos ou nos expressamos, estamos conectando palavras, significados, intenções, cultura, contexto.

Portanto, a linguagem não é neutra nem isolada: ela é resultado de um agenciamento complexo que reflete relações de poder, ideologias e afetos.

Por que o conceito de agenciamento é relevante?

Porque ele ajuda a entender o mundo como algo interconectado, relacional e dinâmico. Em vez de olhar para as coisas de forma isolada, o agenciamento nos convida a observar como diferentes elementos interagem e se transformam juntos.

Além disso, o conceito pode ser uma ferramenta poderosa para refletir sobre:

  • Como as estruturas sociais são formadas e podem ser alteradas. 
  • Como diferentes forças (políticas, culturais, afetivas) influenciam nossas ações. 
  • Como podemos construir alternativas a modos de vida rígidos ou opressivos. 

No final das contas, o agenciamento é uma ideia que nos ajuda a compreender que nada está fixo ou dado de antemão. Tudo está em fluxo, em rearranjo, em composição. Seja na filosofia, nas políticas públicas ou no cotidiano, entender o que é agenciar é um convite a pensar de forma mais conectada, crítica e criativa sobre o mundo à nossa volta.

Saiba mais sobre

O que é agenciamento?
É o ato de agenciar, ou seja, intermediar, organizar ou coordenar interesses, pessoas ou ações — podendo ser aplicado de maneira prática ou filosófica.

Agenciamento é o mesmo que representação?
Não. Representar é falar ou agir em nome de alguém; agenciar é compor uma rede de elementos que criam algo novo.

Como Deleuze e Guattari entendem agenciamento?
Como uma conexão entre diferentes elementos (pessoas, ideias, objetos) que produzem novos sentidos, ações ou modos de vida.

Agenciamento é sempre coletivo?
Geralmente sim, pois depende da interação entre múltiplos fatores. Mas também pode incluir elementos individuais dentro de uma rede.

Onde o agenciamento se aplica na prática?
Na publicidade, política, educação, arte, redes sociais, comunicação, entre outros contextos.

Qual a diferença entre agenciamento e organização?
A organização tende a ser mais hierárquica e rígida; o agenciamento é dinâmico, fluido e descentralizado.

Agenciamento pode ser visto em uma obra de arte?
Sim, uma obra de arte é um agenciamento entre materiais, ideias, técnicas e intenções.

Posso aplicar o conceito de agenciamento na minha vida pessoal?
Com certeza. Ao refletir sobre como você se conecta com outros elementos ao seu redor, você está pensando em termos de agenciamento.

Por que o conceito é importante na política?
Porque políticas públicas eficazes dependem da articulação entre diferentes atores sociais, o que é, essencialmente, um processo de agenciamento.

Agenciamento tem relação com poder?
Sim, porque ele envolve relações, decisões e influências que podem favorecer ou limitar certas ações e modos de vida.

 

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